Por que devemos entrar em trabalho de parto?

Todo parto natural ou normal a gestante entra necessariamente em trabalho de parto ou estresse do parto, mas nem todas as cirurgias cesarianas a mulher passa por esse processo. Isso acontece pois cada vez mais as cesáreas são eletivas e as que são de urgência ou emergência, as quais as mulheres entraram em trabalho de parto, são cada vez mais raras.

É importante saber que mesmo as mulheres que farão uma cirurgia cesariana, devem entrar em trabalho de parto. Uma das razões da importância de se deixar o bebê avisar a hora que ele está pronto para nascer é a quantidade de hormônios presentes durante esse evento. Uma série de hormônios é secretada em forma de cascata, como um linda orquestra onde cada instrumento toca na hora e na ordem certa, respeitando o tempo do bebê. Esse evento influenciará mãe/bebê no momento do trabalho de parto e os acompanhará ao longo de suas vidas.

As prostaglandinas estarão presentes desde o início do trabalho de parto com função de preparar o colo do útero para começar a dilatar, deixando-o mais mole e fino.

As endorfinas faz em parte dos hormônios secretados. Elas são consideradas o estresse do parto e são responsáveis pela maturação do pulmão através da produção da prolactina. Uma delas, a noradrenalina fetal, protege o bebê da falta de oxigênio que acontece durante as contrações uterinas, ajudam na maturação pulmonar, e, também, no amadurecimento do olfato (lembrando que o olfato é muito importante logo após o nascimento para a amamentação ocorrer de forma natural e é assim que o bebê reconhece a sua mãe).

Uma das explicações para a causa da obesidade infantil e adulta, de bebês que não passaram pelo estresse do trabalho de parto, é o fato de ser secretada em menor quantidade o hormônio metabólico adiponectina que metaboliza os lipídios (gordura). Esse hormônio é encontrado no sangue do cordão umbilical. Assim como a adiponectina, a melatonina é encontrada em níveis mais baixos nos cordões de bebês que não entraram em trabalho de parto. A melatonina é considerada o “hormônio do escuro” e está relacionada a propriedades antioxidantes protetoras do organismo.

A ocitocina além de ser o hormônio principal das contrações uterinas para expulsar o bebê e placenta do útero para o seu nascimento, ela é considerada o hormônio do amor. Toda vez que sentimos amor, satisfação, empatia por algo ou alguém esse hormônio circula no nosso organismo. Portanto, durante o estresse do parto e o nascimento, o nível de ocitocina no corpo da mãe e do bebê está altíssimo, e, jamais será assim em níveis tão elevados como nesse momento. Em nenhuma situação levará mãe e bebê a reviverem essa enxurrada de ocitocina que acontece somente uma vez na vida. Esse é um dos fatos de a medicina obstétrica estar sendo questionada quanto a qualidade das emoções, do psicológico de cada indivíduo já que a maneira de nascer está sendo tão mudada ao longo dos anos no mundo todo.

As razões são inúmeras da importância de se esperar a hora certa de nascer, uma delas é que o microbioma do leite se mostra diferente quando em parto vaginal ou cesárea que entrou em trabalho de parto, de uma cesárea fora do trabalho de parto. Ele está ligado ao sistema de defesa que a mãe passará para o seu filho através da amamentação influenciando a sua flora intestinal. Uma pesquisa canadense verificou que a gestação interrompida antes da hora (até mesmo em 1 semana) está relacionada com a maturação tardia da flora intestinal levando a uma tendência maior de adiposidade constatada aos 18 meses de vida, nesse estudo.

As causas reais que levam a uma cirurgia cesariana são muito raras, portanto mesmo que não entremos, nesse texto, na questão parto normal X cesárea, deixe sempre seu bebê querer nascer porque somente ele sabe que já está pronto para vir para esse mundo. Assim, diversos procedimentos e doenças futuras poderão ser evitados caso nós esperemos a hora certa.