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Gravidez e álcool: infeliz combinação (Síndrome Alcoólica Fetal-SAF)

  • 20 de mai. de 2024
  • 4 min de leitura

Existe um equívoco no senso comum e que pouco se fala: o de que não há problema em ingerir álcool durante a gestação.


Todo mundo conhece ou conheceu uma grávida que tomava eventualmente meia tacinha de vinho ou 1 caipirinha cujo filho nasceu “super bem”. Em 2010 uma pesquisa revelou que 55% das mulheres grávidas ingeriam álcool, e que dessas 6% eram alcoolistas.


Hoje é confirmado que o consumo de álcool por uma grávida tem grandes possibilidades de atingir o feto. O álcool atravessa a barreira placentária e o líquido amniótico serve como um reservatório, potencializando o efeito do mesmo. Pela imaturidade do feto e pelos baixos níveis das enzimas fetais, o metabolismo e a eliminação do álcool são mais lentos. Podem ocorrer, então, no feto, várias alterações em diferentes órgãos, sistemas e aparelhos, bem como desordens de comportamento. Isso tem um nome: Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) e não têm cura!!!


Essas alterações podem não estar presentes na criança ao nascer, e sim, surgirem ao longo de sua vida como: dificuldades no aprendizado e alterações de comportamento. Esses são 2 sintomas do conjunto de distúrbios fetais relacionados ao álcool (FASD; sigla em inglês). Os efeitos mais negativos do álcool serão no coração e no cérebro do bebê.


Sim, é verdade, nem todos os bebês irão apresentar todos os sintomas da SAF! Muitas vezes são reconhecidos tardiamente. Às vezes a mulher expõe o feto ao álcool antes mesmo de saber que está grávida, portanto, se você pretende engravidar é aconselhável parar a ingestão desde que se tome a decisão.

Não são todas as mulheres que, ao ingerirem álcool na gestação, terão seus filhos com SAF. A chance do feto ser afetado depende de múltiplos fatores como: tamanho da dose, como é consumida essa dose, o período gestacional que a grávida está ao ingerir o álcool, a metabolização do álcool no corpo materno e fetal, a saúde da mãe e a sensibilidade genética do feto.


O que acontece é que não se sabe ainda qual a quantidade segura de consumo de álcool durante a gravidez. Portanto a tolerância é: NENHUMA. Não há tolerância.

O bebê com SAF pode nascer com o peso abaixo do normal, devido à restrição do crescimento intrauterino. Além de algumas malformações como:


·         Malformações de vértebras levando a escolioses congênitas;

·         Alterações no coração;

·         Com menor frequência já foram descritas também anomalias renais, como hipoplasia renal, hidronefrose e ectasias da pelve renal;

·         O comprometimento do Sistema Nervoso Central é tão grave que pode-se dizer até mesmo que a SAF é muito mais uma alteração cerebral do que uma síndrome de caracteres físicos


Ao longo do desenvolvimento da criança, a alteração facial vai suavizando o que dificulta o diagnóstico da SAF. Mas outras características permanecerão presentes como:


·         Retardo mental;

·         QI médio variando de 60 a 70;

·         Problemas na motricidade;

·         As funções nervosas e musculares do corpo serão comprometidas;

·         Dificuldade no aprendizado;

·         Por ter dificuldade em resolver problemas, a criança portadora da SAF tem dificuldade em matérias de lógica, como matemática;

·         Dificuldades de se relacionar com outras pessoas;

·         Problemas de memória;

·         Dificuldade na fala;

·         Hiperatividade e déficit de atenção;

·         Desordens auditivas;

·         Os adultos apresentam também problemas de saúde mental.


A Síndrome é a principal causa de retardo mental e de anomalias congênitas não hereditárias. O que representa um grande problema de saúde pública.

No Brasil não existe ainda um grande estudo estatístico sobre. Porém foi realizado em um hospital municipal de São Paulo, em 2008, com mulheres que acabaram de ser mães e que mostrou que 33,29% consumiram álcool em algum momento da gestação. A gravidez não foi planejada por 71,40% dessas mulheres. O estudo permitiu o achado do FASD em 38,69 neonatos/1000 nascidos vivos. E, em 1,52/1000 foi feito o diagnóstico de SAF.


Algumas estatísticas para a SAF no mundo:


·         EUA: 10/1000 nascidos vivos;

·         África do Sul: 68–89,2/1000 nascidos vivos;

·         Rússia: 141/1000 nascidos vivos;

·         Canadá: 0,5/1000 nascidos vivos;

·         Itália: 120/1000 nascidos vivos.


Das mulheres que usaram álcool na gravidez, 30–50% terão filhos com algumas alterações clínicas do desenvolvimento. Estima-se que a prevalência média mundial da SAF seja de 0,5–2 casos por 1000 nascidos vivos e que, para cada criança com a síndrome completa, existirão três que não apresentarão todas as características da síndrome, mas que irão possuir déficits neurocomportamentais do álcool na gestação.


A cultura e/ou hábitos familiares ou a de um país podem influenciar negativamente na vida das pessoas. Como no caso do resultado da pesquisa. Na Itália é muito comum ingerir o vinho em todas as refeições, grávidas ou não. Na Rússia o índice de alcoolismo é muito alto, o que não mudaria somente pelo fato de a mulher ficar grávida. O vício continua comandando acima de tudo.


Enquanto não tivermos pesquisas maiores no nosso país, precisaremos conscientizar o maior número de pessoas quanto ao risco de ingerir álcool na gestação. Os conselhos de medicina de Pediatria e Obstetrícia também estão tomando a frente dessa campanha para poder reverter essa cultura baseada em nada de que apenas uma tacinha de bebida alcoólica não faz mal a ninguém. Deixe a opção de ter um desenvolvimento saudável a quem ainda não pode optar. Seja consciente, espalhe consciência e gere mentes sãs.

 
 
 

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